Estúpido seja
Que o júri se ponha então à altura dos meus olhos; contudo, se ele não se mostrar tão justo quão virtuoso eu pretendo ser, possa ao menos o presidente expor um raciocínio que se venha a revelar eficiente e me convença de ter cometido a falta. Enfim, se este não se esforçar e, por facilidade () ou puro menosprezo me quiser sómente atribuir a responsabilidade (), ambiciono possuir o talento capaz de produzir o tal número teatral discreto que me fará passar por estúpido e ..talvez acreditar ().
Não estarei certamente a ..contribuir para () um mundo . .mais puro, mas assim tentarei ..tornar menos tristes aqueles a ..quem quero bem. Não terão ..de se afastar precipitadamente e eu também não terei de chorar (en) solitário; pelo contrário, poderei continuar a rir sózinho - ou em silêncio na presença de todos. Nunca o estômago me doerá ao ponto de fazer com que o intelecto perca as forças. Nunca ele me doerá ao ponto de fazer com que a decência me implore para aí se esconder, nesse vazio. E nenhum carro branco me levará; e nenhuma bata me poderá reter apesar de estúpido poder continuar (a) querer parecer.
Estou a pensar…
Se não poderei ajudar o mundo a tornar-se melhor e se deixei afinal de poder fazer feliz quem amo… estúpido é Sua Excelência.
Estúpido é Vossa Excelência! Queira por obrigação () tornar manifesta a grandeza que o define, isentando-me do pagamento da pena; porque não errei. Não sou, nunca fui indigno, sempre me portei bem! É que o caso poderia cair no esquecimento, eu podia perder o vigor, podia deixar de sentir, podia terminar a existência e defecar e urinar, e putrefazer-me antes que dessem por falta dessa verdade.
Protesto e protestarei incessantemente; e se no fim dos meus dias me custar a encontrar a razão que me levou a agir assim, e ainda, se a achar, beberei as lágrimas guardadas para a ocasião com um sorriso, feliz por ter conseguido preservar a minha dignidade visível, apesar de - no interior da camisa de força que escolherei num tom de rosa, o Pantone 13-1520.

 
A escolha só é o reflexo duma incoerência na intimidade do nosso ser. Quem não escolhe, é.
 
Viva a liberdade!!
Na minha varanda apanho sol quando não chove.
Se faz calor... levanto o punho para protestar,
Praguejo, bocejo, olho para a pele e arejo o sovaco.
Quando faz frio no meu balcão... visto um casaco.
Todos me veem gesticular do meu patamar...
No meu terraço não me molho - porque não chove;
Não me molho, nem mesmo nos dias em que chove.
Não há fatos eternos,
Como não há sapatos
Nem roupa interior;
Ou vestido sequer -
De que tecido for.
Por mais branca seja...
Engraxados a rigor...
Não há fatos eternos,
Não há não senhor!
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(Une récréation comme une autre)